sábado, 14 de maio de 2011

Déficit de Atenção? Hiperatividade? O que é isso?

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e a indisciplina são na atualidade assuntos que aparecem com forte incidência no cotidiano escolar. Algumas condutas apresentadas pelas crianças, neste contexto, são vistas como indicativos de tal transtorno e isso vem contribuindo para que crianças ainda muito pequenas sejam encaminhadas pelos educadores aos profissionais da saúde, por apresentarem na escola comportamentos considerados indisciplinados, agitados e impulsivos. O livro que indico abaixo (pode ser feito download) tem como principal objetivo, discutir a relação entre indisciplina e o diagnóstico de TDAH, a partir da queixa do professor da educação infantil. Pretende ainda, analisar a postura dos educadores diante do processo de patologização no campo educacional, levando em conta a sociedade eugênica e disciplinar, que foi consolidada com o processo de higienização ocorrido no início do século XX, como também, construir uma reflexão crítica acerca das práticas sociais e educativas que ora se configuram, mediante a análise da educação contemporânea e do resgate histórico da escolarização no Brasil. A pesquisa se caracteriza como um estudo de caso qualitativo e as estratégias metodológicas empregadas para a coleta de dados incluíram a observação participante, entrevistas semiestruturadas, diário de campo e análise de documentos. Os resultados foram organizados em oito eixos temáticos e indicaram principalmente que os educadores apresentam dificuldades para estabelecer diferenças entre indisciplina e o TDAH e o que é normal e patológico, o que tem causado o aumento expressivo no número de encaminhamentos de crianças aos profissionais de saúde e a consequente patologização e medicalização da infância.

Saiba mais em: http://www.culturaacademica.com.br/titulo_view.asp?ID=97

terça-feira, 10 de maio de 2011

AlonsoUnesp: Tudo é temporário

AlonsoUnesp: Tudo é temporário: "'Tudo é temporário. É por isso que sugeri a metáfora da 'liquidez' para caracterizar o estado da sociedade moderna, que, como os líquidos, s..."

Tudo é temporário

"Tudo é temporário. É por isso que sugeri a metáfora da "liquidez" para caracterizar o estado da sociedade moderna, que, como os líquidos, se caracteriza por uma incapacidade de manter a forma. Nossas instituições, quadros de referência, estilos de vida, crenças e convicções mudam antes que tenham tempo de se solidificar em costumes, hábitos e verdades "auto-evidentes".
O que aprendi com Borges? Acima de tudo, aprendi sobre os limites de certas ilusões humanas: sobre a futilidade de sonhos de precisão total, de exatidão absoluta, de conhecimento completo, de informação exaustiva sobre tudo; enfim, sobre as ambições humanas que, no final, se revelam ilusórias e nos mostram impotentes. Lembremos, por exemplo, do conto de Borges que fala sobre o mapa: o sonho do mapa exato que acaba ficando do mesmo tamanho da própria coisa mapeada e, portanto, sem nenhuma utilidade".
Entrevista com Zigmunt Bauman*

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A ética pode ser ensinada?

Vira e mexe essa pergunta surge na minha cabeça. Desde os gregos ela está presente nas discussões filosóficas. Cada um a sua maneira tenta entender o ser humano, não pelo viés da ciência, mas pelos valores que ele é portador. Ao tomarmos qualquer decisão em nossas vidas estamos pautados por valores, isto é, por aquilo que achamos mais importante em nossas vidas. Seguindo esse caminho, a ética é algo além de princípios e regras, mas também um exercício que realizamos todos os dias, como seres viventes que somos.
Você nesse momento está pensando em algo, e isto significa que daqui a pouco tomarás uma decisão. E nem percebemos isso, porque nos habituamos a nos comportar e a nos conduzir por valores que foram e estão incutidos em nós desde a tenra idade. Quem nos ensinou? Como aprendemos esses valores? Por que algumas pessoas são preconceituosas? E outras são democráticas e tolerantes? É biológico?
Enfim, o tema é instigante. Vamos continuar a pensar sobre isso. Espero que nunca tenhamos uma resposta definitiva.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

União de casais do mesmo sexo: justiça e liberdade

No momento em que estou escrevendo esse pequeno texto o Supremo Tribunal Federal está aprovando a união de casais do mesmo sexo. A partir de agora haverá uma equiparação da união gay/lésbica com aquela entre um homem e uma mulher, com os mesmos direitos e deveres --sem nenhuma restrição. Creio que é uma vitória para a sociedade brasileira. É uma derrota do preconceito e da discriminação. Há tempos que venho pensando que a maioria do povo brasileiro estava amadurecendo o tema. Os fatos cotidianos indicavam uma direção muito favorável, visto que muitos casais conviviam há um bocado de ano anos juntos, construíram uma vida, sobretudo patrimonial, e na hora da morte de um deles ou uma delas, a família, que por muito tempo discordava da união, queria tomar posse dos bens.
Penso que agora iremos aprofundar as transformações da noção de família, seja do ponto de vista jurídico bem como social. Sou otimista de que vamos abrir a possibilidade para muitos homens e mulheres deixarem de sofrer e de se esconderem, com medo da violência de qualquer natureza que pode cair sobre eles ou elas. 
Para dar a sua opinião a respeito, acesse:  http://www.conversaafiada.com.br/nao-e-sim-com-pha/

segunda-feira, 2 de maio de 2011

A morte não é nada para nós

Quando o nosso corpo fica doente uma das primeiras medidas que tomamos é procurar um médico ou providenciar um remédio para que o mal seja extirpado. O prazer, a tranquilidade da alma e a ausência de perturbação são desejos que queremos ver realizados.
Essa paz espiritual e a experiência de viver sem dor e sofrimento já se encontra entre os gregos, em especial na filosofia de Epicuro(342-217 a. C.). Segundo ele, o ponto de partida de um modo de vida prazeroso está em não sentir fome, nem sede e nem frio. A felicidade de cada indivíduo encontra-se num exercício permanente em que buscamos não os prazeres momentâneos, doces e efêmeros. É por procurar unicamente esses prazeres que os homens encontram a insatisfação e a dor, porquanto esses prazeres são insaciáveis e, tendo chegado a certo grau de intensidade, tornam a trazer sofrimentos.
A felicidade suficiente, perfeita e plena e o prazer estável são escolhas que nós podemos fazer, ao invés de sermos torturados por desejos vazios: a riqueza, a luxúria, a dominação. Assim, devemos optar pelos desejos naturais e necessários, que são aqueles que levam à satisfação de nos libertarmo de uma dor e que correspondem às necessidades elementares, às exigências vitais. Diz Epicuro: “Graças sejam rendidas à bem-aventurada Natureza que fez com que as coisas necessárias sejam fáceis de alcançar e que as coisas difíceis de alcançar não sejam necessárias”.
Para aprofundar e melhor esclarecer sua posição, Epicuro formula o que ele chama de “quádruplo remédio”: 1. Os deuses não são feitos para temer; 2. A morte não é feita para amedrontrar; 3. O bem não é fácil de conquistar e 4. Nem o mal de suportar.
De fato, quem quiser viver bem não deveria se pré-ocupar com a morte. Seria perturbador a nós se ficarmos organizando a nossa vida a partir do fim dela, pois enquanto cada um de nós existir a morte não existe e quando ela existir nós já não existimos mais. Enfim, a morte não é nada para nós, ou seja, nós nos bastamos as nós mesmos e quando a morte sobrevir nós não somos mais nós mesmos.
Deste modo, sumprimindo a morte de nossas preocupações, devemos nos ocupar com a vida. A satisfação de nossos desejos vem, portanto, pela prática da disciplina que nos leva saber contentar-se com o que é fácil de alcançar, com o que satisfaz as necessidades fundamentais do ser, e renunciar ao que é supérfluo. Fórmula simples, mas que não deixa de levar a uma alteração radical da vida: contentar-se com comidas simples, roupas simples, renunciar às riquezas, às honras, enfim, viver retirado.
É verdade que essa vida filosófica parece impossível nos dias atuais, mas podemos a partir dela olhar e observar que sentido estamos dando às nossas existências hoje. Será que vale o sacríficio amendrontarmo-nos com a morte, tornando-nos escravos de desejos insaciáveis que nos leva ao sofrimento e à dor? A pensar!

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Nota fiscal, crédito ou débito: o diálogo do nosso tempo

 

As pessoas não estão mais conversando. O ritmo de vida de cada um está organizado de tal maneira que o tempo para uma boa conversa está se tornando raro. Se já está difícil conversar com os próximos imagine criar novos laços de amizade e de afeto. Somos tomados a cada instante por mecanismos alheios à nossa vontade, tornando as relações humanas mais distantes, frias e calculistas.
Embora Kant, filósofo alemão, tenha alertado que devemos agir considerando o outro como um sujeito, tratamos ou somos tratados como coisas, isto é, um instrumento que pode ser usado apenas para satisfação de nossos desejos. Coisas são objetos, e por isso podem ser instrumentalmente tratadas.
No entanto, o ser humano, por ser capaz de oferecer e possuir dignidade, não é uma coisa, mas uma pessoa. Isto quer dizer que a ele não se pode atribuir um preço, transformando-o numa mercadoria a ser consumida, explorada, ou em algo indiferente a qualquer valor moral. Felicidade, verdade e justiça são bens que devem ser levados em conta na construção de uma humanidade sadia, mesmo que alguns considerem isso como uma mera abstração.
De fato, é preciso reconhecer que as exigências do nosso cotidiano são desafiadoras e por que não dizer dramáticas. A luta diária nos tira muitas vezes do rumo e surgem momentos de violência e de práticas que mais demonstram a nossa selvageria e desumanidade.
Falta de tempo. Esse parece ser um dos dísticos dos dias que correm. Tudo que se passa, passa demasiadamente de pressa, cada vez mais depressa. Acompanhar a velocidade dos acontecimentos nos tira a possibilidade de saborear as coisas, seja ela o que for. Somos estimulados a um querer-fazer tudo, a um querer-ver tudo, a um querer-comprar tudo, mas na soma geral e ao final do dia o que sobra é o nada, seja lá o que signifique isso.
Seres agitados, transformamos as nossas vidas em algo fugaz e efêmero, não deixando qualquer vestígio significativo, que podemos contar para os nossos filhos e netos. Consumidor voraz e insaciável de notícias (se forem trágicas, melhor ainda) e de novidades, nós homens nos tornamos seres eternamente insatisfeitos. A vida de cada um de nós entra num redemoinho sem sentido. Já não experimentamos o silêncio, a capacidade de ouvir e de meditar. Já não exercitamos a memória, pois a cada instante tudo deve ser substituído.
E se não ouvimos é porque não estamos mais conversando. E como não guardamos nada, não temos o que conversar. O diálogo é interrompido. E o que sobrou? Para tanto, é só observar como nos portamos numa relação de compra e venda. Sinto que o que se passa aí é o exemplo do que acontece aqui e acolá. Entregamos o cartão e a(o) vendedor(a) pergunta:
- Nota fiscal paulista?
- Sim.
- CPF!
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-Débito ou Crédito?
-Crédito.
Poucos ainda não viveram isso. Mas esse isso é tudo. Ou nada? A refletir.

Espaço Acadêmico

Neste blog você terá oportunidade de acompanhar discussões no campo da Educação, da Filosofia , enfim, nas Ciências Humanas. Ele será utilizado para as aulas, pesquisa e debates.